Biografia

André Pestana, 48 anos, nascido e criado em Coimbra. É professor de Biologia/Geologia e tem dois filhos, alunos da Escola Pública.

Formou-se em Biologia na Universidade de Coimbra, com média final de curso de 16 valores. Doutorou-se em Biologia, na área das alterações climáticas, na Universidade Técnica de Lisboa.

Ainda estudante do Ensino Secundário, revelando precocemente uma iniciativa e preocupação Humanista, colaborou com o Núcleo de Coimbra da Amnistia Internacional da Associação Académica de Coimbra (AAC). Já no Ensino Superior foi cabeça de lista de candidaturas alternativas para AAC, no contexto das lutas contra as propinas, defendendo sempre mais democracia na decisão das lutas estudantis e na AAC.

Desde 2001, como professor do ensino secundário, deu aulas em escolas de várias zonas do país (Montemor-o-Velho, Oliveira do Hospital, Serpa, Lisboa, Oeiras, Fátima, Cascais, Sintra) sempre como professor precário, tendo efetivado só em 2023.

Entre 2004 e 2008 interrompeu a docência para fazer doutoramento em Biologia, com trabalho de campo na Amazónia (Brasil e Guiana Francesa).

Desde o início da sua atividade docente, esteve sindicalizado e também encabeçou listas alternativas no maior sindicato do país SPGL/FENPROF. Defendeu, nomeadamente, mandatos consecutivos finitos para os dirigentes sindicais, que a assinatura de acordos/memorandos com o governo fossem sufragados pelos professores e, mais democracia na decisão das lutas sindicais, tendo sido eleito para o Conselho Geral do SPGL.

Em 2018, sucessivas desilusões fizeram-no propor a colegas formar um novo tipo de sindicato, democrático, independente e combativo: o S.TO.P. Inicialmente, o Sindicato de Todos os Professores e, atualmente, o Sindicato de Todos os Profissionais da Educação. O S.TO.P. demonstrou ser possível fazer algo realmente diferente na prática (e não apenas na teoria), foi o primeiro sindicato na área da Educação com mandatos consecutivos finitos para os seus dirigentes e o primeiro a sufragar, democraticamente e de forma transparente nas escolas (a sócios e não sócios do S.TO.P.), um importante acordo entre o governo e outros sindicatos.

Nos primeiros anos, o S.TO.P. dinamizou lutas importantes, como a greve às reuniões de avaliação, em 2018, ou a vitoriosa greve contra o amianto escolar (ano letivo 2019/2020).

Em 2022/2023, André Pestana foi o rosto da maior luta de sempre na Educação, em Portugal, com greves durante vários meses seguidos, manifestações com 100 000 pessoas e com os estudos de opinião a indicarem que a maioria dos portugueses simpatizava com essa luta e as suas reivindicações.

Essa luta foi inédita porque, uniu pela primeira vez, todos os que trabalham nas Escolas (docentes, assistentes operacionais, assistentes técnicos e técnicos superiores/ especializados) e, porque as principais formas de luta foram decididas, democraticamente, por quem trabalha nas escolas.
A luta, amplamente democrática, em defesa da Escola Pública, foi tão impressionante que influenciou outros setores profissionais (dentro e fora de Portugal) a começarem também a lutar de forma mais consequente (trabalhadores do sector público e privado).

Desde cedo percebeu a importância de estarmos organizados para lutar contra as injustiças, tendo passado pela JCP e pelo BE, onde verificou também a insuficiência dos partidos que se adaptam ao sistema que nos tem governado e não constituem alternativa para a mudança social. Nessa procura de construir uma alternativa, ingressou no MAS, tendo, posteriormente, interrompido essa militância partidária.

Perante a crise que afeta Portugal e o mundo, mantém como objetivo da sua ação, a necessidade de construir uma alternativa democrática verdadeiramente anti sistémica que responda à urgência de uma profunda mudança social, económica e ecológica.

Infelizmente, para a maioria das pessoas, a esquerda tem estado associada, em Portugal, aos governos liderados pelo PS, ou no estrangeiro, a regimes sem qualquer democracia, como a Coreia do Norte e a China, onde os trabalhadores foram (e são) intensamente atacados ou privados dos seus direitos. André Pestana sempre defendeu a democracia, os direitos dos trabalhadores ou o direito à autodeterminação dos povos. Por isso se insurgiu contra essas e outras injustiças destas governações (em Portugal e no estrangeiro), associadas à esquerda e, naturalmente, também nunca se identificou com os partidos da direita tradicional ou, muito menos ainda, com a extrema-direita racista, xenófoba, machista e negacionista, relativamente aos perigos das alterações climáticas.

Atualmente, pratica vários desportos, ligação que tentou sempre manter desde a adolescência, quando praticou basquetebol e atletismo. A valorização da vida em comunidade poderá ter sido empiricamente assimilada, quando viveu dois anos da sua infância na aldeia dos seus avós, no concelho de Albergaria-a-Velha.

Preocupa-o, particularmente, o mundo que estamos a deixar aos nossos filhos, com cada vez mais guerras, barbárie ecológica, humana e social.